Talvez você se lembre de JR Hildebrand, piloto norte-americano que teve passagem de pouco brilho pela Indy entre 2010 e 2022, cujo principal momento foi um segundo lugar pouco comemorado – ainda que inesquecível – nas 500 Milhas de 2011.
Mas pode partir dele um projeto que revolucionaria a Indy: o Blackbird 66 Mk1, uma proposta para ser utilizada pelas equipes da categoria a partir de 2028, quando os chassis adotados em 2012 serão substituídos. A decisão deve ser tomada em 2027.
O Blackbird 66 é um projeto liderado pelo próprio JR Hildebrand e que tem como foco projetos voltados para o automobilismo. Entre eles, o próprio Mk1, que nasceu de uma parceria do ex-piloto com o designer Patrick Faulwetter, “com a influência e o apoio de inúmeros membros da comunidade do automobilismo que acrescentaram e ajudaram a guiar este processo”, segundo o site do estúdio.
A ideia é ousada: um chassi menor e sem asas, equipado com um motor V10 de 3,5 L capaz de atingir 14 mil RPM, entregando 850 hp de potência em ovais e 1250 hp em circuitos mistos. Para compensar o carro mais leve, rodas mais largas e pneus mais macios ajudariam na estabilidade.
O projeto Blackbird 66 Mk1 tem forte influência de Dan Gurney, que correu por equipes como Ferrari, McLaren, Brabham e BRM na Fórmula 1 entre 1959 e 1970. Segundo Hildebrand, a ideia nasceu das últimas conversas com Gurney, que morreu em 2018, mas ficou engavetada.
“O ponto de vista de Dan não vinha de um desejo de voltar ao passado. Ele fundamentalmente olhava adiante – talvez melhor do que qualquer um na história no esporte”, diz o texto de JR Hildebrand no site do Blackbird 66, apontando a importância de um novo tipo de entretenimento no automobilismo, com menos aerodinâmica e mais potência.
“Para Dan e para mim, como piloto, como fã e como alguém que se importa profundamente que esta coisa pela qual somos tão apaixonados tenha um futuro além dos resultados do fim de semana, entretenimento não é simplesmente quão próximos os carros chegam e quantos carros estão na volta do líder. O entretenimento definitivo vem de testemunhas a humanidade.”
À primeira vista, o visual do carro impacta – lembra uma mistura de Fórmula Vee com a inesquecível Arrows A2 da temporada 1979 da Fórmula 1. Mas Hildebrand aposta na mistura de entretenimento com segurança para tentar colocar na pista o Blackbird 66 Mk1. Por isso, quer construir o projeto para testes o quanto antes – nem que seja para que seja vetado.
“Seria irracional e irresponsável alguém dar sinal verde para algo assim sem questionar, apenas com base em uma boa argumentação. Na verdade, não espero que ninguém dê sinal verde para algo assim até que seja provado, sem sombra de dúvida, que é legítimo em todos os sentidos possíveis, e é por isso que acredito que algo realmente precisa ser prototipado na vida real”, diz o texto do ex-piloto no site do estúdio.
“Se você concorda com o que descrevi neste artigo, você também deveria querer ver este carro – ou algo parecido – ser construído. Se você acha que o que descrevi aqui é uma completa besteira, então você também deveria querer ver algo assim ser construído! Acabe com o pensamento de todos esses idiotas de uma vez por todas”, desafiou.