Das quatro poltronas, Galvão Bueno se sentou na primeira à direita. À sua esquerda, pela ordem, estavam Mauro Naves, Walter Casagrande Júnior e Denis Gavazzi, diretor de esportes do Grupo Bandeirantes de Comunicação. Coube ao quarteto apresentar nesta segunda-feira (24) os detalhes do Galvão e Amigos, nova atração que será exibida sempre às segundas-feiras, às 22h30.
O programa marca o retorno de Galvão à Band, pela qual passou entre 1977 e 1981. Depois de uma longa passagem pela Rede Globo, interrompida apenas por uma breve passagem pela extinta Rede OM em 1992, a voz mais conhecida do jornalismo esportivo brasileiro retorna para promover um debate esportivo ao lado de outros nomes consagrados: Mauro Naves, Walter Casagrande e Paulo Roberto Falcão. O ex-volante foi ausência na apresentação, retornando de viagem ao exterior.
“Essa história do ‘estou voltando para casa’, tudo começou com esta frase. Estarei voltando para casa. Por que? Eu comecei na Gazeta em 1974, lá fiquei até 1977, mas eu era comentarista de rádio, comentarista de televisão, comentarista de outros esportes, comentarista de Fórmula 1, viajava o mundo com a Fórmula 1, mas era comentarista. Apareceram duas pessoas que já não estão mais aqui, o (locutor) Darcy Reis e o (diretor) Ivan Magalhães, mas que acreditaram que eu poderia ser um narrador. E me convidaram para ser narrador aqui em 1977”, descreveu, em entrevista coletiva.
“Era o momento de voltar, de ter essa coisa gostosa, de voltar a própria gente, onde começou. Acho que a vida não deve parar, independente da idade, se só faz bem para a mente, se só faz bem para o corpo... E ter os amigos de volta ao meu lado.”
Convidados especiais
O programa deve contar com a presença de convidados da Band, e o próprio Galvão Bueno já adiantou nomes: Renata Fan, Glenda Kozlowski, Craque Neto e Elia Júnior estão entre os primeiros nomes da lista.
“O Elia Júnior, quem trouxe para cá fui eu. O irresponsável que trouxe para cá foi eu, com o Fernando Solera. Trouxemos ele para cá em 1978. Ele trabalhou comigo. Mais irresponsável que eu, foi meu gigantesco amigo Luciano do Valle, que pegou ele”, destacou.
Com o Galvão e Amigos, a Band apresenta um debate esportivo ao público nas noites de segunda-feira, preenchendo uma lacuna na TV aberta. O formato sucede o Bem, Amigos, que era apresentado por Galvão no SporTV, restrito à TV por assinatura.
“Ter a oportunidade de fazer um programa com tanta tradição, como já teve na TV a cabo, agora na TV aberta, é fantástica. É uma oportunidade muito boa para a população brasileira poder assistir a esse tipo de conteúdo que estava na TV a cabo”, celebrou Denis Gavazzi.
“Era o momento de uma mudança, e não poderia existir mudança melhor. Ela não estava planejada há dez anos, mas ela surge. Alguns amigos internos aqui disseram: ‘O que vc acha?’. Aí saiu a frase: ‘Então vamos fazer uma coisa? Vou voltar para casa’. No que saiu a frase, aí deu”, completou Galvão.
Luciano do Valle: ‘Respeito mútuo’
Galvão fez questão ainda de destacar a trajetória de Luciano do Valle, tanto na Globo quanto na Band. E adiantou: o programa de estreia do Galvão e Amigos na próxima segunda-feira (31) terá uma homenagem especial para Luciano.
“Luciano no Valle começou um pouco mais antigo que eu e nos deixou muito cedo (em 2014). Mas era um gênio da transmissão. Dizem as pessoas que nós conduzimos o caminho e, nos nossos confrontos, mudamos um pouco a história da narração esportiva. Eu estava aqui e ele estava na Globo. Minha primeira Copa do Mundo transmitida no local foi a Copa da Argentina em 1978, a primeira Copa que eu fazia ao vivo e a primeira Copa que o Luciano fazia como titular da Globo. Depois eu fiquei por aqui e a Band me deu a oportunidade de criar uma série de coisas. Nós tivemos grandes eventos esportivos. Em 1980, fiz minha primeira transmissão de um ano inteiro de Fórmula 1 aqui. Nelson Piquet ganhou a primeira corrida, ganhou outras e disputou o título até o final, e o Luciano brilhando na Globo. E a Globo levou de volta a Fórmula 1 e me levou junto”, contou.
Na época, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, era o homem forte do esporte na Globo e chamou os dois para conversar. Propôs então uma divisão: Luciano do Valle ficaria com as narrações da Seleção Brasileira, Galvão Bueno ficaria com a Fórmula 1, e os demais eventos seriam divididos entre eles. Ambos concordaram.
“Isso foi em 1981. Depois, em 1982, ele teve uma passagem pela Record e voltou para a Band. Depois, foram tantos e tantos anos em que lutamos a cada transmissão por cada ponto de audiência. Mas existia um respeito mútuo. Eu sempre tive uma admiração muito grande por ele. O trabalho que ele fez nessa casa foi espetacular. Eu confesso que foi melhor que o trabalho que eu havia feito quatro anos antes”, completou.
Vai ter Galvão Bueno na F1?
E por falar em Fórmula 1, Galvão Bueno já deixou claro que não vai assumir as narrações no Grupo Bandeirantes de Comunicação. Mas deu a deixa: vai matar as saudades de vez em quando.
A participação na cobertura da F1 faz parte das novidades apresentadas por Galvão, que já tem feito participações no Jornal da Band. Além disso, o narrador prometeu “outras coisas que estão sendo vistas”.
“Eu não vou ficar sem dar pitaco na Fórmula 1. Lógico que, em momento algum, eu deixei imediatamente afastada a possibilidade de narrar a Fórmula 1, porque é o quinto ano que se faz (a transmissão) com uma equipe muito competente. Mas eu vou aparecer de vez em quando. Não nessas três (etapas) da madrugada primeiro, mas vou aparecer de vez em quando. 'Me dá umas cinco voltas, que eu estou com saudades.' A gente deixou essa liberdade”, antecipou.
Ah, e o próprio Galvão já antecipou: o comentarista Reginaldo Leme, um de seus mais longevos parceiros, terá espaço no Galvão e Amigos para falar sobre a Fórmula 1.
“Como é que a Band, sendo a TV que transmite a Fórmula 1, não vai ter uma crônica do Reginald Leme no Galvão e Amigos?”, perguntou.