O Grande Prêmio de Mônaco foi palco de um novo desentendimento dentro da Ferrari. Desta vez, entre Lewis Hamilton e seu engenheiro de corridas, Riccardo Adami.
Já na volta 76, de um total de 78, Hamilton era o quinto colocado e perguntou a Adami sobre a distância dos pilotos à frente. A resposta imprecisa do engenheiro italiano, no entanto, deixou o heptacampeão bastante irritado.
“Eles continuam um minuto à frente?”, perguntou Hamilton.
“Charles (Leclerc) está de pneus médios e as McLaren estão de pneus duros. Virando 1:16. Muito próximos uns dos outros. Disputando”, respondeu Adami.
“Você não está respondendo à pergunta. Mas isso não importa muito. Estou apenas perguntando: eu estou um minuto atrás ou...?”, reforçou o britânico.
“Está 48 segundos”, encerrou Adami. Hamilton terminou em quarto.
O tom dos diálogos entre os dois tem sido assunto desde o começo da temporada. Já no GP da Austrália que abriu o campeonato, Riccardo Adami pediu a Hamilton para mudar o modo de corrida, e recebeu uma resposta breve: “deixe isso comigo, por favor”.
No GP de Miami, Hamilton se incomodou com a estratégia adotada pela Ferrari para ele e Charles Leclerc. O monegasco cedeu o sétimo lugar para o heptacampeão, que não conseguiu render como esperado e devolveu a posição. No fim, Hamilton terminou em oitavo, mas precisando se defender de Carlos Sainz na última volta. “Devo deixar ele passar também?”, ironizou.
Na qualificação do GP de Mônaco, Hamilton foi punido por uma manobra ainda no Q1, quando vinha lentamente na pista esfriando os pneus - e teria atrapalhado Max Verstappen. No fim, a manobra considerada arriscada custou ao piloto três posições no grid de largada.
“Não sei se isso é um problema com o sistema, mais do que é um problema com a comunicação da equipe. Mas o Riccardo está fazendo um ótimo trabalho, e estamos cada vez mais alinhados”, disse Hamilton.
Ao fim da prova deste domingo, Hamilton chamou Adami no rádio. “Você está chateado comigo ou algo assim?”, perguntou. O engenheiro não respondeu.
‘Não estamos dormindo’
A Ferrari encarou a situação com naturalidade.
Após a prova, o chefe de equipe da escuderia italiana, Frédéric Vasseur, não comentou casos específicos, mas afirmou que o tom das conversas está dentro do esperado para a rotina – e que, por isso, as respostas podem não ser imediatas, o que provocaria ruídos.
“Quando o piloto pergunta algo entre as curvas 1 e 3, temos que esperar até o túnel para responder, para evitar falar com ele durante as curvas”, disse Vasseur.
“Não é que estamos dormindo, não é que estamos tomando cerveja no pitwall. É porque estamos em um setor da pista onde concordamos em não falar com ele (...). Ele está entre os muros, estão sob pressão, está lutando, está a 300 km/h, ele está no limite entre os muros e isso é perfeitamente OK. Quando eu falei com ele depois da corrida, ele não estava nada chateado”, acrescentou o dirigente.