A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou que ele acompanhará o julgamento o Supremo Tribunal Federal, nesta terça-feira (2), de casa por motivos de saúde.
Bolsonaro recebeu, nesta segunda-feira (1º), o deputado Arthur Lira (PP-AL), ex-presidente da Câmara, em sua casa em Brasília, onde cumpre prisão domiciliar.
Segundo interlocutores, Bolsonaro manteve o tom descontraído característico, mas concentrou a conversa em um único tema: a anistia que pode livrá-lo da prisão. O ex-presidente quis ouvir de Lira, “com sinceridade”, se há chances reais de o projeto avançar no plenário, considerando a influência que o alagoano ainda exerce sobre o atual presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).
Segundo fontes, Lira avaliou que, no momento, não existe clima político para votação. Admitiu, porém, que uma forte mobilização popular poderia mudar o cenário. O deputado ressaltou ainda que uma versão mais branda da proposta teria maior chance de tramitar, embora essa alternativa seja rejeitada por Bolsonaro.
O encontro durou cerca de uma hora. O carro de Lira não entrou na garagem, o que evitou revista. Policiais penais acompanharam a movimentação do lado de fora da residência.
Julgamento
Nesta terça-feira (2), dá-se início ao julgamento que pode condenar Bolsonaro e mais sete aliados pela suposta trama golpista que tentou reverter o resultado das eleições de 2022. Naquele segundo turno, o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) venceu a disputa contra o candidato à reeleição.
A sessão será aberta às 9h pelo presidente da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Cristiano Zanin. Em seguida, o magistrado chamará o processo para julgamento e dará a palavra a Alexandre de Moraes, relator da ação penal.
A ação penal se refere ao chamado “Núcleo Crucial” ou “Núcleo 1” da trama e será julgada pela Primeira Turma, responsável pela análise do caso porque o ministro Moraes, relator do processo, pertence a esse colegiado.
Réus
São os réus do “Núcleo Crucial” da trama golpista:
- Jair Bolsonaro, ex-presidente da República;
- Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin);
- Almir Garnier, ex-comandante da Marinha;
- Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de segurança do Distrito Federal;
- Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI);
- Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa;
- Walter Braga Netto, ex-ministro de Bolsonaro e candidato a vice na chapa de 2022;
- Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e quem delatou o ex-presidente e cúpula do governo anterior.
Crimes
Todos os réus respondem no Supremo pelos crimes de:
- organização criminosa armada;
- tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
- golpe de Estado,
- Dano qualificado pela violência e grave ameaça; e
- deterioração de patrimônio tombado.