Política

Bolsonaro acompanhará julgamento de casa por motivos de saúde, diz defesa

01 set 2025 às 19:51

A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou que ele acompanhará o julgamento o Supremo Tribunal Federal, nesta terça-feira (2), de casa por motivos de saúde.


Bolsonaro recebeu, nesta segunda-feira (1º), o deputado Arthur Lira (PP-AL), ex-presidente da Câmara, em sua casa em Brasília, onde cumpre prisão domiciliar.


Segundo interlocutores, Bolsonaro manteve o tom descontraído característico, mas concentrou a conversa em um único tema: a anistia que pode livrá-lo da prisão. O ex-presidente quis ouvir de Lira, “com sinceridade”, se há chances reais de o projeto avançar no plenário, considerando a influência que o alagoano ainda exerce sobre o atual presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).


Segundo fontes, Lira avaliou que, no momento, não existe clima político para votação. Admitiu, porém, que uma forte mobilização popular poderia mudar o cenário. O deputado ressaltou ainda que uma versão mais branda da proposta teria maior chance de tramitar, embora essa alternativa seja rejeitada por Bolsonaro.


O encontro durou cerca de uma hora. O carro de Lira não entrou na garagem, o que evitou revista. Policiais penais acompanharam a movimentação do lado de fora da residência.

Julgamento

Nesta terça-feira (2), dá-se início ao julgamento que pode condenar Bolsonaro e mais sete aliados pela suposta trama golpista que tentou reverter o resultado das eleições de 2022. Naquele segundo turno, o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) venceu a disputa contra o candidato à reeleição.


A sessão será aberta às 9h pelo presidente da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Cristiano Zanin. Em seguida, o magistrado chamará o processo para julgamento e dará a palavra a Alexandre de Moraes, relator da ação penal. 


A ação penal se refere ao chamado “Núcleo Crucial” ou “Núcleo 1” da trama e será julgada pela Primeira Turma, responsável pela análise do caso porque o ministro Moraes, relator do processo, pertence a esse colegiado.

Réus

São os réus do “Núcleo Crucial” da trama golpista:


  • Jair Bolsonaro, ex-presidente da República;
  • Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin);
  • Almir Garnier, ex-comandante da Marinha;
  • Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de segurança do Distrito Federal;
  • Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI);
  • Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa;
  • Walter Braga Netto, ex-ministro de Bolsonaro e candidato a vice na chapa de 2022;
  • Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e quem delatou o ex-presidente e cúpula do governo anterior.

Crimes 

Todos os réus respondem no Supremo pelos crimes de:


  • organização criminosa armada;
  • tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
  • golpe de Estado,
  • Dano qualificado pela violência e grave ameaça; e
  • deterioração de patrimônio tombado.

A exceção é o caso do ex-diretor da Abin Alexandre Ramagem, atualmente, deputado federal. O parlamentar foi beneficiado com a suspensão de parte das acusações e responde somente a três dos cinco crimes. A regra está prevista na Constituição.

A suspensão para Ramagem vale para os crimes de dano qualificado pela violência e grave ameaça, contra o patrimônio da União, e com considerável prejuízo para a vítima e deterioração de patrimônio tombado, relacionados aos atos golpistas de 8 de janeiro.