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Direita já se articula para 2020 no Rio

20 jul 2019 às 08:20
Por: Estadão Conteúdo

Com o interesse manifestado pelo ex-ministro Gustavo Bebianno em concorrer à Prefeitura do Rio em 2020, a direita inicia a disputa pelo eleitorado conservador da cidade. Na eleição do ano passado, o presidente Jair Bolsonaro - que rompeu com Bebianno - teve 58% dos votos dos cariocas no primeiro turno e chegou a 68% no turno seguinte, quando enfrentou o petista Fernando Haddad.

Bebianno poderá ter como concorrente um deputado estadual identificado com o bolsonarismo. O PSL, partido do presidente, já anunciou a pré-candidatura de Rodrigo Amorim, que na campanha passada quebrou uma placa com o nome da vereadora Marielle Franco, assassinada em março de 2018.

Visto como um aliado de Bolsonaro, mas tentando marcar posição para uma eventual disputa à Presidência em 2022, o governador Wilson Witzel (PSC) ainda não anunciou oficialmente apoio a nenhum nome. No episódio da quebra da placa, Witzel estava ao lado de Amorim. Segundo o jornal O Dia, o deputado foi convidado pelo governador, nesta semana, para deixar o PSL e se filiar ao PSC, mas recusou. Há ainda o próprio prefeito Marcelo Crivella (PRB), que, apesar das críticas à sua gestão, poderia se lançar à reeleição contando com a máquina pública e com o eleitorado evangélico.

"Bolsonaro teve uma votação extraordinária na cidade. Bebianno talvez esteja tentando pegar um pouco desse capital político, e também o Amorim. Mas não vejo neles ainda uma candidatura competitiva", afirma o cientista político Ricardo Ismael, professor da PUC-Rio.

Mais ao centro, existe a possibilidade de o ex-prefeito Eduardo Paes (DEM) tentar voltar ao cargo. Nas redes sociais, ele tem feito críticas constantes a Crivella, que vão de comentários sobre atos administrativos à frente da Prefeitura até a suposta falta de "carioquismo" do prefeito - que já falou, por exemplo, em cortar recursos públicos para a o carnaval na cidade.

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Analistas chamam a atenção, porém, para o fato de o nome de Paes ter sido citado por delatores na Lava Jato, por supostamente ter recebido recursos de caixa dois para campanhas anteriores. Ele nega as suspeitas. A operação levou para a prisão todos os cacique do MDB fluminense, seu antigo partido.

"Com o Paes na disputa, eu não tenho espaço (no DEM)", afirmou Bebianno ao jornal O Estado de S. Paulo. Ele deve decidir até outubro se vai se filiar ao partido de Paes ou ao PSDB, agora comandado no Rio pelo empresário Paulo Marinho. Também rompido com o governo Bolsonaro, Marinho tem tentado fortalecer os tucanos na cidade. "Gosto tanto do DEM quanto do PSDB", afirmou o ex-ministro. Ele prega a união de candidatos com visões parecidas a fim de evitar a repetição de um segundo turno entre Crivella e o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL), que pode concentrar o apoio dos partidos de esquerda.

Hoje vereador, o ex-prefeito Cesar Maia, presidente do DEM no Rio, não confirma suas preferências para o pleito. "Há dois novos elementos que exigem se ter paciência. Um é a proibição de coligação na eleição de vereadores. Outro é março, quando serão abertas as janelas para as mudanças de partidos. Aguardemos", disse.

Freixo

A esquerda sinaliza uma aliança em torno de Freixo, que tenta chegar à Prefeitura pela terceira vez. Deve ser a primeira vez, porém, que ele deve contar com PT e PCdoB na sua base aliada. Das legendas de esquerda, o PSOL é a única que nunca compôs a coalizão de Paes ou do ex-governador Sérgio Cabral (MDB), hoje preso em Bangu 8.

A aliança, no entanto, não é a opção favorita de siglas que se consideram mais moderadas que o candidato do PSOL, como o PSB e o PDT. A visão desses partidos é de que Freixo de fato tem um recall maior e partiria de um porcentual mais alto de votos. Mas, num eventual segundo turno, seria novamente um candidato fácil de ser derrotado.

Pelo PSB, quem poderia entrar na disputa é o deputado federal Alessandro Molon, líder da oposição na Câmara. Entre os trabalhistas, a deputada estadual Martha Rocha, delegada da Polícia Civil, é a opção. Para Ricardo Ismael, o político do PSOL precisaria ir além da aliança com PT e PCdoB, e apostar também no eleitorado de centro e os evangélicos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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