O presidente licenciado do PDT, Carlos Lupi, anunciou na tarde desta sexta-feira (2) seu pedido de demissão do cargo de ministro da Previdência. Pouco depois da confirmação da saída, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) confirmou a nomeação do ex-deputado federal Wolney Queiroz, atual secretário-executivo da pasta, para assumir o cargo.
Lupi ficou no meio do fogo cruzado depois da Operação Sem Desconto, que desmontou um esquema que causou prejuízo de até R$ 6,3 bilhões em aposentadorias e pensões entre 2019 e 2024. A operação resultou na queda do então presidente do Instituto Nacional de Segurança Social (INSS), Alessandro Stefanutto, e tem outros outros cinco servidores na mira sob suspeita de envolvimento. Stefanutto foi demitido pelo presidente Lula.
As fraudes são apuradas com base em 'descontos associativos' não autorizados. Os descontos são contribuições que aposentados e pensionistas podem pagar a uma associação, sindicato ou entidade. Eles normalmente são feitos por órgãos que oferecem serviços de assistência jurídica, planos de saúde e benefícios.
Na terça (29), em audiência na Comissão de Previdência, Assistência Social, Infância, Adolescência e Família, Lupi havia defendido a prisão dos envolvidos na fraude e garantido que sua demissão estava “totalmente descartada”. Ele também afirmou que “agiu a tempo” diante das denúncias e que havia pedido ao presidente da República a demissão do então chefe do INSS, além de instalar uma apuração.
A oposição, por sua vez, se movimentou para instaurar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o caso e chegou a conseguir as assinaturas mínimas para protocolar o pedido. Uma representação criminal contra o agora ex-ministro será protocolada na Procuradoria Geral da República (PGR) por um suposto caso de omissão dele no esquema.
O líder do PDT na Câmara dos Deputados, Mário Heringer (MG) havia criticado a condução do presidente Lula sobre a crise envolvendo o INSS e o nome de Lupi, que culminou na saída do ministro. Henriger reiterou que o posicionamento da bancada do partido seria o de desembarcar da base do governo se Lupi deixasse o cargo demitido por Lula ou mesmo o entregasse, mas ainda não há nenhuma decisão oficializada neste sentido.
A Band Brasília apurou que a escolha de Wolney é uma tentativa do Planalto de apaziguar os ânimos e manter toda ou boa parte da atual bancada pedetista com o governo, já que o antigo número 2 do Ministério da Previdência é filiado à sigla e a liderou na Câmara nas eleições de 2022. Nome histórico do partido, Ciro Gomes faz parte de ala que pressiona por “posição independente” da bancada.
Para além do desgaste político, o caso também trouxe desgaste popular para Lupi. Segundo pesquisa AtlasIntel, oito em cada vez brasileiros eram favoráveis a sua demissão. O levantamento também apontou que 84,4% dos brasileiros "acompanharam bem o caso" e que 6,4% dos ouvidos foram vítimas.