Política

Se UE não fechar agora acordo com Mercosul, Brasil não fará mais, diz Lula

17 dez 2025 às 15:11

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira, 17, que recebeu a informação de que a União Europeia não deve conseguir aprovar, a tempo, o acordo com o Mercosul para assinatura prevista para sábado, 20. Em tom firme, Lula declarou que, caso o tratado não seja fechado agora, o Brasil não voltará a negociar enquanto ele estiver na Presidência.


A declaração foi feita durante reunião ministerial realizada na Granja do Torto. O presidente criticou o adiamento da cúpula do Mercosul, originalmente marcada para 2 de dezembro e remarcada para o dia 20 a pedido da União Europeia, justamente para viabilizar a aprovação do acordo.


“É importante lembrar que essa reunião do Mercosul seria no dia 2 de dezembro, mas foi transferida para o dia 20 porque a União Europeia pediu, alegando que só conseguiria aprovar o acordo no dia 19. Agora estou sabendo que eles não vão conseguir aprovar. Está difícil, porque Itália e França não querem, por problemas políticos internos”, afirmou Lula.


Segundo o presidente, o acordo é mais vantajoso para os europeus do que para os países sul-americanos. Ele citou a resistência do presidente francês, Emmanuel Macron, por pressão de agricultores, e criticou a postura da Itália. “Já avisei que, se não fizermos agora, o Brasil não fará mais acordo enquanto eu for presidente. São 26 anos de espera”, disse.


Lula acrescentou que, se a assinatura não ocorrer, o governo brasileiro adotará uma postura mais dura nas relações com a União Europeia. “Nós trabalhamos muito para aceitar esse acordo e defender o multilateralismo, num momento em que o presidente dos Estados Unidos quer enfraquecê-lo e fortalecer o unilateralismo. Um PIB de US$ 22 trilhões fazendo um acordo em defesa do multilateralismo”, afirmou.


O presidente disse que irá a Foz do Iguaçu com a expectativa de uma resposta positiva dos europeus, mas reiterou que, em caso de negativa, o Brasil endurecerá sua posição. “Cedemos a tudo o que era possível a diplomacia ceder”, declarou.


Lula também adiantou que pretende viajar à Índia no início do próximo ano e que sua última viagem internacional em 2026 será à Coreia do Sul. Segundo ele, não deve participar da reunião do G7 por estar em “franca campanha”.