O Brasil segue na liderança da produção de resíduos da América Latina: apenas durante o ano de 2018 geramos 79 milhões de toneladas de lixo de acordo com os dados do Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2018/2019, divulgado recentemente pela Abrelpe (Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Industriais).
Na contramão das pautas ambientais, seguimos gerando mais lixo do que a nossa infraestrutura de coleta e tratamento é capaz de suportar. Ainda segundo a análise, estima-se que alcançaremos as 100 milhões de toneladas anuais de lixo em 2030.
Para além da conscientização ambiental, a falta de tratamento e destinação adequada do lixo traz uma série de problemas de saúde pública, sociais e prejuízos incalculáveis: o Diagnóstico do Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos realizado pela Secretaria de Saneamento do Ministério do Desenvolvimento Regional detectou que apenas 5,4 dos materiais recicláveis coletados por serviços públicos foram de fato recuperados.
Números de um estudo do WWF/Banco Mundial revelaram que o Brasil recicla míseros 1,28% de todo o plástico que produz e este número está muito abaixo da média global, que é de 9%.
PNRS, gerenciamento de resíduos sólidos e as empresas
Para contornar o problema do lixo e adotar políticas e metas equiparadas aos dos países desenvolvidos, em 2010 foi instituída a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). De acordo com a Lei nº 12.305, tanto os poderes públicos como a sociedade civil e empresas devem compartilhar a responsabilidade pelos resíduos gerados do começo ao fim da sua vida útil dos produtos.
Segundo a PNRS, empresas de diversos segmentos (independentemente de seu porte), precisam adotar um plano de gerenciamento de resíduos sólidos, em que são aplicadas medidas pré e pós-consumo. Em seu artigo 20, está definido que todo e qualquer tipo de resíduo relacionado a produção industrial, serviços de saúde, mineração, construção civil, logística e transportes, serviços diversos, agricultura, pecuária precisam se adequar às novas diretrizes e processos de gestão de resíduos sólidos:
Este processo implica em algumas etapas essenciais que devem ser cumpridas à risca e relatadas por meio de documentos específicos para a fiscalização dos órgãos competentes.
1 - Segregação: é a separação dos resíduos de acordo com suas características fisioquímicas ou biológicas. A ação deve ser tomada no momento da geração dos resíduos.
2- Acondicionamento: manter os resíduos segregados em sacos ou recipientes que evitem seu contato com o meio ambiente. As embalagens devem obedecer os requisitos NBR 9191/2000.
3- Identificação: permitir o reconhecimento dos resíduos segregados através da identificação dos grupos A (risco biológico) B (substâncias químicas), C (radioativos) e D (perfurocortantes).
4 -Transporte interno: garantir transporte adequado desde o ponto de geração do resíduo até seu local de armazenamento temporário, com horários, rotas e equipamentos de segurança necessários.
5 - Armazenamento temporário: deixar os resíduos já segregados e identificados em local apropriado até sua retirada da empresa.
6 - Tratamento: etapa preliminar de descontaminação segura dos resíduos, Esse locais precisam de licenciamento ambiental segundo determinação da Resolução CONAMA nº 237/1997 e podem ser fiscalizados.
7 - Armazenamento externo: local apropriado para resíduos já tratados, próximos ao local onde serão transportados para fora da empresa.
8- Transporte externo e coleta: etapa de retirada dos resíduos do armazenamento externo.
9 - Disposição Final: depósitos dos resíduos em solo apropriado, de acordo com as especificações técnicas estabelecidas pela Resolução CONAMA n° 237/1997.
Como implementar a gestão de resíduos sólidos em uma empresa?
Todos o gerenciamento de resíduos sólidos deve ser conduzidos por profissionais especializados, capazes de fornecer treinamento adequado aos colaboradores que participam de todas as etapas do processo, incluindo a emissão de relatórios e certificados.
Para isso, é possível contratar assessorias especializadas ou softwares de gestão de resíduos sólidos, como a plataforma desenvolvida pela premiada VG Resíduos. "Nossa plataforma permite o controle de documentação de fornecedores, m relativa a destinação de resíduos sólidos (certificação de Destinação, MTR) e a emissão de alertas quanto à capacidade de armazenamento, além das otimizações de processo", conta Guilherme Gusman, sócio da startup que também oferece a possibilidade para empresas comercializem seus resíduos sólidos diretamente com tratadores especializados.
"Nosso propósito é ser um acelerador do desenvolvimento sustentável, incentivando o reuso através do desenvolvimento de novas tecnologias de reaproveitamento e ferramentas de gestão de resíduos sólidos", explica o empresário.