Bituruna, no sul do Paraná, é oficialmente reconhecida como a Capital do Vinho do estado, e quem chega à cidade é recebido por uma taça e um garrafão gigantes, símbolo de uma tradição vitivinícola centenária.
Desde 2020, o município ostenta este título em reconhecimento à sua história e ao legado das famílias de descendentes de italianos, que chegaram à região há mais de cem anos, trazendo consigo o hábito de cultivar uvas e produzir vinhos.
Michele Bertoletti Rosso, enóloga e herdeira de uma das vinícolas de Bituruna, conduz os visitantes por um casarão histórico da família, onde objetos e móveis antigos revelam o passado. Seu pai, Mauro Bertoletti, lembra as técnicas tradicionais de produção de vinho utilizadas por gerações anteriores, preservadas como relíquias.
Nos vinhedos de Bituruna, Michele destaca o cultivo da uva "Casca Dura," utilizada na produção de um vinho premiado com selo de Indicação Geográfica, concedido pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI).
Essa variedade de uva confere um sabor único ao vinho, tornando-o uma referência internacional. Além do reconhecimento, Michele preside a Associação dos Produtores de Uva e Vinho de Bituruna (APRUVIBI), que representa as quatro principais vinícolas da cidade.
A produção média de Bituruna é de cerca de 60 mil garrafas por ano, o que, combinado com o rigor no cultivo e a tradição artesanal, torna cada garrafa um item exclusivo e valorizado.
Esse mercado de vinhos beneficia não só as vinícolas, mas também o turismo local, impulsionando o comércio, restaurantes e a rede hoteleira da cidade, com pouco mais de 16 mil habitantes.
Bituruna, com sua cultura do vinho, preserva a memória e o trabalho das famílias italianas que desbravaram a região, transformando-a em uma referência para amantes do vinho em todo o Brasil.