Todos os locais
Todos os locais
Agro
Brasil

Após enchentes, Serra Gaúcha pode levar 40 anos para recuperar o solo

Estudo mostra perda de mais de 85% do estoque de carbono na região
15 mar 2025 às 18:00
Por: Luiz Cláudio Ferreira - Repórter da Agência Brasil
Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Por causa das enchentes de abril e maio do ano passado, a Serra Gaúcha perdeu mais de 85% do estoque de carbono no solo de pomares da região. A reposição desse importante nutriente pode demorar de 14 a 40 anos. 


As informações são resultados de um estudo divulgado pelo professor de agronomia Gustavo Brunetto, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), no seminário RS Resiliência e Sustentabilidade, realizado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), nesta sexta-feira (14).  O evento discutiu temas relativos aos impactos da enchente do ano passado, aspectos das mudanças climáticas e alternativas de soluções para encarar o cenário preocupante.


No caso do solo, o professor Gustavo Brunetto explicou que as inundações devem comprometer o trabalho do produtor rural para que busque fertilidade nas plantações. Ele contextualizou que as cidades da Serra Gaúcha ficaram entre as regiões mais afetadas pela chuva em curto espaço de tempo. 


“Isso estimulou o escoamento da água na superfície, a transferência de solo de partes mais altas para partes mais baixas e, com isso, nós tivemos importantes consequências e danos”


Ele explicou que o primeiro dano foi a perda de solo, especialmente da camada superficial, já que nem toda a água conseguiu infiltrar. 

Outras notícias

São Paulo tem estimativa de manutenção da safra de trigo em 2025

Lula viaja ao Japão e Vietnã para discutir Mercosul, agro e carne bovina

Colheita de soja segue a todo vapor; estimativa de safra recorde se fortalece


“Por isso, nós tivemos perda de nutrientes que normalmente estão no solo e que são fontes para as plantas, para que elas consigam crescer, produzir e ter um produto de qualidade”


Parte da matéria orgânica e dos nutrientes foram para partes baixas do relevo e também, em alguns casos, em águas superficiais.


“No futuro, isso poderá gerar contaminação da água. Esse dano ocorreu em virtude do excesso de precipitação. Tivemos perda de solo em áreas não cultivadas e também em áreas cultivadas”


Riscos

Ele avaliou, pelo estudo feito na cidade de Bento Gonçalves, por exemplo, que houve também a diminuição dos teores de fósforo nas áreas de  deslizamento


“Se as áreas que foram degradadas pelo excesso de chuva forem incorporadas novamente à agricultura, o produtor vai ter que comprar mais fertilizante. Com isso ele vai ter um aumento, provavelmente, do seu custo na propriedade”


A perda de fósforo, como observou Brunetto, pode gerar a contaminação da água. “Nós tivemos uma perda da matéria orgânica do solo. Com isso nós perdemos uma fonte importante que vai disponibilizar nutrientes para as plantas”


Soluções

O professor da UFSM identifica que, para repor nutrientes, é necessário conhecimento e investimento. Ele disse que são necessárias estratégias para que, no futuro, quando isso acontecer novamente, haja possibilidade de minimizar esse problema. Inclusive, ele aponta ser necessário haver o nivelamento do solo para que o produtor consiga novamente cultivar a sua área. 


O pesquisador reitera que o caminho é utilizar técnicas reconhecidas e aceitas na área da agronomia, como a calagem (prática para corrigir a acidez, neutralizar o alumínio e fornecer cálcio e magnésio) e adubação.


“É preciso executarmos o uso de plantas de cobertura que podem ser utilizadas”.


Ele defendeu práticas de manejo chamadas de conservacionistas. Além do uso de plantas de cobertura, uso de terraços em áreas, por exemplo, de culturas frutíferas perenes. “É uma forma de reter a água, estimular a infiltração da água, diminuir a perda de água e de solo''.


Impacto social

Além do diagnóstico sobre o solo, o evento apontou outros impactos, como o social. O professor de economia Gibran Teixeira, da Universidade Federal do Rio Grande (Furg), explicou que as enchentes no Estado deixaram um desastre que requer políticas públicas diante das perdas de postos de trabalho e queda de arrecadação


Para se ter uma ideia, ele exemplificou que, nos municípios com apenas 10% da população afetada,  houve uma perda de quatro empregos a cada mil habitantes, além de queda salarial e de assistência de saúde. 


“Quanto maior for a exposição do município à área de inundação, mais há perdas de emprego formal, queda na arrecadação municipal, aumento de casos de leptospirose, redução de visitas e toda assistência básica em saúde”, diz o professor. 


Nas cidades com maior nível de exposição (com mais de 50% da população afetada), houve o maior volume de queda de empregos formal, de admissões, e, por consequência, maior diminuição de ICMS. 


“Paralisou praticamente a economia do estado e principalmente esses municípios que tiveram um maior nível de exposição à inundação”, ressaltou.

Veja também

Relacionadas

Agro
Imagem de destaque

Sem sustentação, média da mandioca volta a cair no Brasil

Agro
Imagem de destaque

Alta do feijão carioca é destaque; safra 24/25 deve crescer 1,5%

Agro

Família de Mandaguari fala sobre a paixão pela plantação de café

Agro

Governo Federal confirma tarifa zero para importação de alimentos

Mais Lidas

Cidade
Cascavel e região

Forças de segurança fazem buscas em área de mata por mulher que supostamente teria sido baleada

Cidade
Cascavel e região

Velório de criança que teve coração transplantado acontece neste domingo em Toledo

Cidade
Cascavel e região

Câmera registra jovem sendo baleado antes de morrer no Centro de Cascavel

Cidade
Londrina e região

Motociclista escorrega em pedras de obra na Rua Pirapó e morre no local

Cidade
Cascavel e região

Jovem de 26 anos é morto à tiros no Centro de Cascavel

Podcasts

Podcast Cíntia Invest - EP 02 - Joenice Diniz

Imagem de destaque

PodGuest | EP 03 | Conheça a trajetória de sucesso da holding Fancore Group

Imagem de destaque

Podcast Café com Edu Granado | EP 3 | Patricia Chiosi | Vozes Femininas

Tarobá © 2024 - Todos os direitos reservados.