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Conheça os feijões-de-metro colorido e mais produtivo que a Embrapa criou no Pará

O feijão-de-metro é um tipo de feijão-caupi e as vagens podem ser consumidas inteiras
22 out 2024 às 15:56
Por: Band
Reprodução

Que o brasileiro ama um feijão, a gente já sabe. Mas agora, pesquisadores que atuam na Embrapa Amazônia Oriental, no Pará, anunciaram uma novidade: variedades coloridas de feijão-de-metro que podem ser mais produtivos e nutritivos que os tradicionais. Eles foram apresentados nesta terça-feira (22) como BRS Lauré e BRS Raíra.


O feijão-de-metro é um tipo de feijão-caupi, cujas vagens são consumidas inteiras cruas ou cozidas na forma de saladas ou em outros pratos. A leguminosa é nativa da Ásia e introduzida no Pará no início do século 20 por imigrantes japoneses. Atualmente, é cultivado nos cinturões verdes de diversas cidades paraenses e colhido o ano todo. Estima-se que o volume produzido nos últimos cinco anos, de 2019 a 2023, foi em torno de 700 a 800 toneladas em uma área plantada estimada em 20 hectares.


As novas variedades da Embrapa são coloridas e a elevada produtividade são os principais atributos das duas novas. 


A variedade Lauré tem vagem de coloração roxo-avermelhada, e a variedade Raíra é da cor verde-oliva. As duas são recomendadas para plantio no Pará, mas segundo os pesquisadores, possuem potencial para outras em regiões com clima quente. 

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A Lauré é a primeira cultivar com essas características desenvolvida pela pesquisa para o mercado do Norte do Brasil. “É um produto novo no mercado que atrai pelo apelo visual, mas que apresenta elevada produtividade e distribuição bem equilibrada de vagens ao longo do dossel da planta”, afirma o pesquisador da Embrapa Rui Alberto Gomes. Nos testes em campo, a média de produtividade da BRS Lauré foi de 11,6 toneladas de vagem fresca por hectare enquanto a média dos materiais utilizados atualmente no campo foi de 7,6 t/ha, a cultivar comercial; e de 8,6 t/ha, uma variedade crioula bastante cultivada na região.


Já a BRS Raíra produziu mais de 10 toneladas de vagem fresca por hectare enquanto os materiais tradicionais ficaram entre 7 (cultivar comercial) e 8,6 t/hectare (variedade crioula). “Essa cultivar tem vagens longas, no padrão do mercado consumidor, e são boas para o consumo em virtude do baixo teor de fibra”, destaca o pesquisador.


Tanto em períodos secos quanto chuvosos, o desempenho produtivo das duas cultivares se mostrou superior ao das variedades em uso atualmente. A BRS Raíra e BRS Lauré apresentaram boa tolerância ao estresse hídrico (falta de chuvas) e às elevadas temperaturas.


O pesquisador explica que o feijão-de-metro é cultivado durante todo o ano no estado do Pará, sob diferentes condições de umidade, contudo, é preciso ajustes no sistema de produção, incluindo o cultivo nas partes mais altas da propriedade. “É importante plantar em leiras ou camalhões para evitar encharcamento durante o período mais chuvoso do ano, e fazer irrigação do cultivo na época mais seca”, acrescenta Gomes.


Incentivo à produção e ao consumo


O pesquisador aposentado Francisco Freire, que liderou o programa de melhoramento genético de feijão-caupi da Embrapa, explica que as novas cultivares foram selecionadas entre centenas de materiais coletados dentro e fora do Brasil. Os sucessivos ciclos de cultivo e seleção, realizados entre os anos de 2016 e 2018 em dois municípios paraenses (Belém e Terra Alta) consideraram a produtividade, qualidade comercial das vagens e sanidade.


Freire pontua que as duas novas cultivares são voltadas principalmente para a agricultura familiar do estado do Pará. “O feijão-de-metro é cultivado na forma de hortaliça e sua produção é muito característica dos pequenos e médios produtores. Além de incentivar e fortalecer o cultivo e a produção do feijão-caupi junto a esse público, o programa objetiva também promover o consumo dessa hortaliça”, acrescenta Freire.


Gomes reforça que as cultivares apresentam vantagens ao produtor e ao consumidor. “Para o produtor é uma opção de complementação da renda, uma vez que é possível colher praticamente o ano todo. Já para o consumidor, esse produto amplia o cardápio com um alimento nutritivo e ajuda a combater o que chamamos de monotonia alimentar, que é caracterizada pela baixa diversificação de alimentos dia a dia”, afirma.


As vagens frescas das duas cultivares, segundo o pesquisador, possuem em sua composição alto conteúdo de molibdênio, micronutriente que protege as células do corpo, e é fonte de selênio. Além disso, possuem fibras, lipídeos, proteínas, carboidratos e nutrientes. 

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