As exportações brasileiras de café na safra 2025/26 apresentam um cenário de contrastes: enquanto o volume embarcado sofreu uma retração acentuada, a receita financeira avançou devido aos altos preços do grão no mercado internacional. Dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), analisados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), mostram que, entre julho e novembro de 2025, o país escoou 17,435 milhões de sacas, uma queda de 21,7% em comparação ao mesmo período de 2024.
Impacto das Tarifas Norte-Americanas
Pesquisadores do Cepea apontam que o principal fator para a queda no volume foi a redução drástica nos envios para os Estados Unidos, o maior comprador do café brasileiro. O fluxo comercial foi prejudicado por uma tarifação imposta pelo governo norte-americano às importações de produtos do Brasil, medida que esteve em vigor de agosto até a segunda quinzena de novembro de 2025.
Além das barreiras tarifárias, outros fatores internos e de mercado contribuíram para o recuo nos embarques:
Baixa disponibilidade: A quantidade de café nacional disponível para exportação nos últimos meses foi menor.
Demanda arrefecida: Os elevados preços do grão acabaram desestimulando novos pedidos, reduzindo o ritmo de escoamento.
Faturamento em Alta
Apesar da menor quantidade de sacas enviadas ao exterior, a valorização do produto garantiu ganhos cambiais ao setor. Na parcial da atual temporada, a receita acumulada soma US$ 6,723 bilhões, o que representa um crescimento de 11,6% em relação ao intervalo equivalente do ano passado.
O balanço reflete a resiliência financeira do setor cafeeiro brasileiro frente às adversidades logísticas e geopolíticas, mantendo o país com receitas recordes mesmo diante de um volume de exportação mais enxuto.