A nova tarifa de 50% imposta pelo governo americano, anunciada por Donald Trump já provocou um impacto significativo na indústria de pescados do Brasil, setor que vinha apresentando um dos maiores crescimentos nos últimos anos. Cargas avaliadas em mais de USD 240 milhões em pescados brasileiros deixaram de ser exportados para os Estados Unidos nas duas últimas semanas.
De acordo com informações da Abipesca (Associação Brasileira das Indústrias de Pescados), a medida já afetou principalmente os pequenos produtores, uma vez que "de cada 10 kg de peixes exportados pelo Brasil, 7 iam direto para os Estados Unidos". Com o bloqueio, as empresas estão cancelando contratos, deixando os produtores em uma situação difícil, tendo que lidar com custos elevados de ração, energia elétrica e salários dos funcionários, sem garantia de venda no exterior.
A tilápia, que é o principal produto da piscicultura brasileira, representando mais de 90% das exportações do segmento para os EUA, está entre os mais afetados. "Quando se trata de filé fresco, o nosso principal concorrente é a Colômbia, que atualmente é o maior exportador de filé fresco para os Estados Unidos", revelou Aniella Bannat, diretora da Abipesca.
Apesar do recorde de produção de quase um milhão de toneladas de peixe no ano passado, liderado pela tilápia, o setor agora busca novos caminhos para evitar prejuízos maiores. A principal estratégia é abrir mercado com a Europa, embora a negociação com os países europeus ainda seja lenta. Além da Europa, o Brasil exporta para países como Japão, países árabes e Chile, mas o volume ainda é pequeno. Outros mercados, como China e Oriente Médio, impõem barreiras sanitárias e tarifas que dificultam os negócios.
"Nós perdemos a competitividade. O nosso maior concorrente no mercado internacional é a China, que é o primeiro maior produtor do mundo. Atualmente, o Brasil é o quarto maior produtor", explicou Francisco Medeiros, presidente da PeixeBR, associação que representa as indústrias do setor.
Existe uma expectativa que o governo brasileiro acelere acordos internacionais para compensar a perda do mercado americano. Enquanto isso, os profissionais da pesca e da piscicultura esperam apoio para continuar produzindo e vendendo tanto no mercado interno quanto externo. "É isso que a gente espera do governo, de olhar para o setor local", concluiu o representante.