A estudante de direito, Ana Paula Fernandes, presa acusada de envenenar e matar quatro pessoas nos estados de São Paulo e do Rio de Janeiro, foi transferida da Penitenciária Feminina de Santana para a Penitenciária Feminina I de Tremembé, conhecida como 'Cadeia dos Famosos'.
A informação foi confirmada pela Secretaria da Administração Penitenciária (SAP), nesta sexta-feira (14). Até o momento, o motivo da transferência não foi informado.
Foram quatro pessoas mortas em um intervalo de cinco meses. A polícia aponta Ana Paula Veloso Fernandes como autora dos crimes. Ela confessou dois assassinatos, sendo um deles do proprietário da casa onde ela morava.
Depois do ataque a facas, a mulher chegou a chamar a polícia fingindo que não sabia de nada. A outra vítima foi o pai de uma colega da faculdade, envenenado com uma feijoada.
A mulher, de 36 anos, também é acusada de ter matado diversos cães para testar a eficácia do veneno. No depoimento à polícia, ela mudou versões, fingiu ter recebido ameaças e até um falso bolo envenenado, mas confessor ter matado os animais com chumbinho.
A investigação da polícia apura se Ana Paula Veloso Fernandes utilizou os animais para testar o veneno, que foi empregado nos quatro homicídios pelos quais ela é réu. A universitária está presa desde julho de 2025 pelas mortes de Marcelo Fonseca, Maria Aparecida Rodrigues, Neil Silva e Haider Mazris, tendo confessado a autoria de dois dos casos.
Irmã gêmea é indiciada sob suspeita de participação
Ainda no mesmo inquérito, Roberta Cristina Veloso Fernandes, irmã gêmea de Ana Paula, foi indiciada pela Polícia Civil de São Paulo sob suspeita de envolvimento nos crimes. De acordo com as investigações, Roberta teria dado conselhos à irmã sobre os assassinatos, atuando na manipulação inicial e no planejamento de pelo menos uma das execuções, além de tentar obter vantagens patrimoniais após a morte de uma das vítimas. Roberta Cristina está presa desde agosto de 2025.
Sobre a "Cadeia dos Famosos"
O Complexo Penitenciário de Tremembé é composto por cinco presídios: Tremembé I, Tremembé II, Tremembé Feminina I, Tremembé Feminina II e o CPP de Tremembé.
A penitenciária é conhecida nacionalmente por abrigar detentos de casos de grande repercussão, como Alexandre Nardoni, Gil Rugai, Cristian Cravinhos, Lindemberg Alves, Suzane von Richthofen, Elize Matsunaga, Ana Carolina Jatobá, Fernando Sastre, Thiago Brennand e Robinho.
A transferência de detentos para Tremembé visa garantir a segurança e a privacidade dos prisioneiros. Os procedimentos e o tratamento dos presos são os mesmos aplicados em outras unidades do estado de São Paulo, com a diferença no perfil dos detentos nessas unidades, com o intuito de prevenir conflitos.
Construída em 1948, a Penitenciária Doutor José Augusto César Salgado passou por uma reestruturação significativa após uma rebelião em 2000, que resultou na destruição parcial de suas instalações.
Desde 2002, tornou-se destino para os denominados "presos especiais". Em reconhecimento à sua gestão exemplar, a penitenciária recebeu o prêmio de "Modelo de Gestão Penitenciária" em 2003.
A capacidade da penitenciária é projetada para acomodar até oito presos por cela, sem enfrentar problemas de superlotação. Ademais, há nove celas individuais disponíveis.
Oferecendo oportunidades de trabalho e educação, os detentos têm acesso a uma variedade de atividades produtivas, como a participação em uma oficina de reforma de carteiras escolares, uma fábrica de fechaduras, uma unidade de produção de pastilhas desinfetantes para vaso sanitário, e uma oficina de artesanato. Além disso, são oferecidas aulas de teatro e grupos de leitura, visando à reabilitação dos detentos e à remição de suas penas.