O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente do Paraguai, Santiago Peña, conversaram nesta quinta-feira (3) sobre as investigações que apuram ações de uma operação de inteligência da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para obtenção de informações sigilosas de autoridades paraguaias envolvidas nas negociações sobre a usina de Itaipu, de propriedade binacional.
O caso, iniciado ainda no governo de Jair Bolsonaro e revelado em abril, abalou a relação bilateral e levou o Paraguai a congelar as conversas sobre o Anexo C de Itaipu, que trata dos valores da energia excedente da usina.
A suposta espionagem ilegal está sob investigação da Polícia Federal.
Apesar da crise, Lula e Peña anunciaram a retomada das conversas sobre Itaipu.
"E como corresponde a países irmãos, manifestei minha preocupação pelo caso de espionagem e solicitei a vontade plena das autoridades brasileiras para esclarecimentos dos fatos", escreveu Santiago Peña em postagem após a reunião bilateral. O encontro ocorreu na Residência da Embaixada do Brasil em Buenos Aires, na Argentina, pouco antes da 66ª Cúpula do Mercosul.
"Também conversamos a respeito das investigações sobre as atividades da Abin no Paraguai, quando reiteramos o respeito e o diálogo como princípios fundamentais da relação entre nossos países. Decidimos retomar a revisão do Anexo C do Tratado de Itaipu, que estabelece as condições de partilha da energia excedente gerada pela empresa", destacou Lula sobre o encontro.
Lula também disse ter aceitado convite para visitar o Paraguai e convidou o presidente Peña a realizar visita oficial ao Brasil.
Os dois ainda discutiram temas da agenda bilateral, como as obras de infraestrutura para ampliar a conectividade entre os países, incluindo a Ponte da Integração, cujas obras de acesso do lado brasileiro já atingiram quase 80% de execução e devem ser concluídas até dezembro.
Também abordaram o Corredor Bioceânico, uma megaobra de infraestrutura para conectar redes viárias entre os Oceanos Atlântico e Pacífico, atravessando Brasil, Paraguai, Argentina e Chile.