O método de plantio direto na palha, desenvolvido há 52 anos pelo agricultor alemão Herbert Bartz, tem se mostrado eficaz na região de Mauá da Serra, no Norte do Paraná. Essa técnica, que consiste em deixar as sobras da colheita anterior no solo, contribui para a decomposição dos resíduos, enriquecendo a terra e mantendo a umidade necessária para o cultivo.
O agricultor Ademar Uemura, que testemunhou a adoção dessa prática desde sua juventude, destaca os benefícios obtidos: "Aqui, o problema maior era a erosão. Com o plantio direto, conseguimos produtividade e preservação do solo." O município, que abriga o único museu de plantio direto do Brasil, se destaca pela alta produtividade em comparação com outras regiões do país.
Na última safra, a média de produção de soja em Mauá da Serra atingiu 3.600 kg/ha, superando a média nacional em 400 quilos. O milho verão apresentou uma média de 11.000 kg/ha, quase o dobro da média nacional, enquanto o trigo chegou a 3.500 kg/ha, muito acima dos 2.331 kg/ha da média do Brasil.
A técnica de plantio direto evoluiu para um sistema que prioriza a sustentabilidade, incluindo a rotação de culturas e o uso de plantas de cobertura. O agrônomo Daniel Marubayashi aponta que essa abordagem não apenas melhora a produtividade, mas também facilita o controle de plantas invasoras e reduz o uso de produtos químicos.
Vívian Uemura, representante da terceira geração da família na agricultura, reafirma a importância da continuidade desse legado. "São 50 anos de sistema de plantio direto aqui. É uma grande responsabilidade continuar todo esse legado."
Atualmente, cerca de 50 milhões de hectares no Brasil utilizam a palha no solo, mas o sistema completo ainda cobre menos de 10% da área destinada à agricultura. Marie Bartz, bióloga e diretora secretária da Federação Brasileira do Sistema de Plantio Direto, ressalta que o plantio direto é fundamental para a regeneração da agricultura mundial.
O Museu do Plantio Direto em Mauá da Serra, que passa por reformas, preserva a história desse método inovador e a memória dos agricultores que contribuíram para sua adoção. Sérgio Kasutoshi Higashibara, coordenador do museu, destaca a importância de manter viva a história desse avanço agrícola.
A adoção do plantio direto não só transformou a agricultura local, mas também contribuiu para a melhoria da renda das famílias e a valorização da terra, estabelecendo um modelo sustentável que pode servir de referência para outras regiões do Brasil.